18 de abr. de 2012

O jornalista que cada um tem dentro de si

Tenho percebido repetidas vezes que está virando moda ser entendido em jornalismo. Se duas ou três pessoas engatam um papo sobre algo midiático como o leilão das peças do Clodovil, ou a exploração maciça de um assassinato, ou um assalto, ou a doença de um famoso, não demora para você ter que engolir que tal assunto era "gancho", que a imprensa só gosta do que é sensacional e "de sangue", que tal reportagem "foi comprada" e coisas mais sem pé e nem cabeça ainda. Parece existir no imaginário dos loucos por notícias um ranço de que jornalismo é uma atividade para o mal, feita por abelhudos que tem a função de fuçar a vida alheia, que só se contentam em exibir o que muitos querem esconder. Por ter imagem de bisbilhoteiro, rastreador de novidades e virar invasor em alguns ambientes, o repórter, na maiora das vezes, não tem lá esse status de nobreza junto a alguns públicos. Qualquer repórter, viu. Do cara de polícia ao que cobre tragédias, passando pelo que trabalha o social das celebridades e o que cola nos políticos. Como não desfruta desse valor, desse prestígio moral, naturalmente adquire o direito de ser julgado, comparado, condenado pelo modo como se comporta, pelo que faz e publica. Em qualquer canal de mídia, diga-se, já que a convergência das plataformas de conteúdo jornalístico estão aí, em todos os lugares e para o que der e vier. De qualquer modo, a sedução e o encantamento provocados pelo jornalista são incontestáveis. E isso acontece justamente pelo poder que ele  tem de apresentar  a verdade - ou uma boa versão da realidade- que ninguém viu, multiplicando-a. Acho que isso mexe com o universo particular desses ouvintes repórteres e repórteres-cidadãos que as emissoras de tv, web e jornais ( e tudo junto ) se encarregaram de criar e promover.